Flavia Castro
Mineira da cidade de Piumhi, hoje moradora da praia da Armação, Flávia Castro mudou-se para Florianópolis em junho de 2010. Chegou à ilha para trabalhar como psicóloga social depois de passar dois anos no estado de São Paulo. Nesse percurso sempre manteve a prática artesanal onde, desde 2005, já desenvolvia o conceito do Bem da Terra. Nesta proposta inicial confeccionava acessórios e decorativos com sementes e matérias primas naturais.
Foi só em 2012, já morando em Florianópolis, que se deu o primeiro contato com a cerâmica. Esse momento foi um divisor de águas pois a partir daí seria possível dar continuidade a linha de acessórios substituindo as sementes por peças em cerâmica. Logo logo se deu a junção entre cerâmica, arte rupestre e o Bem da Terra. Foi perfeito! A partir daí o artesanato, que sempre esteve presente como atividade paralela, foi ganhando contornos cada vez mais profissionais. A partir de 2015 Flávia passou a se dedicar exclusivamente ao fazer artesanal, realizando o sonho de transformar o hobbie em profissão e contribuir para a divulgação cultural do Estado que a acolheu.
Quem somos
Alejandro D'Elia
Alejandro D'Elia é uruguaio da cidade de Castillos e reside ha 25 anos no sul da ilha. A vinda para o Brasil se deu no ano 2000 quando uma crise histórica atingiu o Uruguai. À epoca tinha seu próprio atelier de arte e molduraria e dedicava-se ao nautimodelismo histórico como passatempo. Veio para Florianópolis por incentivo de um amigo comerciante de antiguidades e se instalou na comunidade do Pântano do Sul. O oficio das artes não se apresentou viável nas novas condições mas com a experiência do Nautimodelismo a produção de réplicas de barcos passou a ser sua principal atividade naqueles tempos difíceis.
Na ausência de projetos para execução das embarcações, foi o contato com pescadores e a observação direta dos barcos que embasaram sua nova produção. Hoje seu trabalho é reconhecido como forma de preservação do patrimônio cultural da ilha e participa permanentemente de feiras e exposições representando o Estado de Santa Catarina.
Bagagem Catarina
um projeto, duas histórias e quatro mãos.
O Bagagem Catarina nasceu de um encontro singular: de um lado a grande versatilidade da cerâmica e do outro o universo amplo da marcenaria. Flávia e Alejandro se encontraram em 2020 em plena pandemia. Tempos difíceis, principalmente para o setor cultural e turístico. Contexto favorável, no entanto, para reflexão e mudanças nas escolhas de vida. Muitas sementes foram lançadas ali! Quantas mudanças radicais não foram feitas nessa época? Felizmente a emergência em saúde ficou para trás mas de fato, foi um grande catalisador de escolhas e destinos.
Alejandro trazia na bagagem o trabalho com os barcos e Flávia o Bem da Terra com acessórios em cerâmica. Passado o período de "incubação" começaram a surgir as primeiras inspirações em comum. Porque não unir as técnicas e criar algo juntos?
Das caminhadas pela praia logo nasceu a ideia da Repescagem - decoração náutica aproveitando madeiras encontradas pela areia, restos de rede de pesca, cordas e outros materiais descartados. Para compor as peças vieram os detalhes em cerâmica: peixinhos, baleias, veleiros...
A necessidade de isolamento passou, mas as horas a fio na oficina em pleno domingo permaneceu. De fato, a fronteira entre o trabalho e o lazer se perdem nesses momentos de muita troca e satisfação.
Nesse processo, a Repescagem ocupava claramente um lugar de intercessão de técnicas e bastante experimentação. No entanto, aos poucos foi se apresentando um horizonte de inspiração mais amplo, que funcionava na verdade como um pano de fundo desse processo criativo. O caminho pela praia remetia frequentemente a reflexões sobre a trajetória de vida até ali. Para ambos esse percurso tinha um eixo em comum: sair de sua terra e construir a vida em um lugar distante. A menção às duas bagagens, uma mineira e uma uruguaia era recorrente! Não demorou então a se apresentar uma imagem nova nesse percurso: a bagagem catarinense.
Não poderia ser diferente! em 2025 serão 25 anos da chegada de Alejandro e 15 anos da vinda de Flávia. O tempo passou! As bagagens trazidas de Minas e do Uruguai estarão sempre ali mas é preciso reconhecer a existência dessa "terceira mala". Ela não só é legítima quanto merece ser compartilhada com alegria e gratidão. Estava sendo acumulada há anos individualmente e agora tem a oportunidade de ser materializada em um projeto a dois. Nasce então o Bagagem Catarina, fruto dessa intercessão de rotas e desejo de transpor para as peças a rica cultura que encontraram em terras distantes.
Nesse empenho de divulgação cultural está sendo desenvolvida a coleção Floripe-se, com foco nas tradições de Florianópolis. A ideia é incluir outras cidades do estado inaugurando uma estratégia nova de produção e exposição do trabalho. Atualmente a ênfase tem sido a participação presencial em feiras e eventos na capital e deverá em breve se expandir para localidades próximas e outros estados.
Já que o elemento simbólico são as malas, é de sua natureza ir para a estrada, não é mesmo?!
Cronologia do percurso
D'Elia Artes Plásticas
1994
Nautimodelismo
1999
Bem da terra
2005
Repescagem
2021
Floripe-se Souvenir
2022
2024
"O pior naufrágio é não partir."
Amyr Klink